quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Op-Art, a arte da ilusão de ótica



1 Os raios de MacKay
Essa ilusão de ótica foi criada em 1957 pelo neurocientista Donald MacKay do King’s College de Londres. Concentrando o olhar no centro da imagem tem-se a sensação de um movimento nas zonas mais externas do desenho. Segundo estudo feito pelo Barrow Neurological Institute do Arizona, a ilusão de movimento é criada por micromovimentos oculares chamados “movimentos sacádicos” que acontecem durante a observação da imagem: o olho humano pode produzir cerca de 500 desses movimentos por segundo.

2 O mistério de Enigma
Essa ilustração foi criada em 1981 pelo artista Isia Leviant: observando-a, tem-se a ilusão que milhares de minúsculas partículas, quase invisíveis, se movam a partir de círculos concêntricos. Segundo os especialistas da visão humana, o olho, durante a observação, gera pequenos deslocamentos geométricos nas partes periféricas da imagem: as diferenças de cor e contraste provocadas por essas microdistorções produziriam o efeito de movimento, um tanto como acontece com as pequeninas lâmpadas de Natal, que acendem e apagam dando a ilusão de se mover.
3 Giro das espirais
Atenção para não ficar hipnotizado por essa imagem: ela é uma versão potencializada de “Enigma” (ver foto precedente) realizada por Akiyoshi Kitaoka, um cientista da visão da Ritsumeikan University de Quito, Japão. Segundo Bevil Conway da Harward Medical School, os estímulos provenientes de diversos contrastes de cor enganam o córtex cerebral enviando-lhe sinais similares àqueles produzidos pelo movimento. Imagem: Akiyoshi Kitaoka.
4 A arte do movimento
Bridget Riley é uma das principais expoentes da op-art, muito hábil para criar obras que aproveitam os micromovimentos dos olhos. Segundo Susana Martinez-Conde, pesquisadora do Barrow Neurological Institue, a ilusão poderia ser explicada também pelo fenômeno do acomodamento do olho, ou seja, a capacidade de focar o objeto observado. As variações de acomodamento poderiam ser uma causa concomitante do efeito de movimento gerado por essas imagens. Imagem: Bridget Riley
5 Roda pião, bambeia pião
O efeito de movimento se amplifica quando movemos a cabeça para frente e para trás, enquanto observamos a imagem. Esses efeitos desaparecem se a imagem for observada através da pupila artificial, um instrumento que impede as acomodações do olho. Isso demonstraria que os micromovimentos gerados pela op-art são realmente fruto desse fenômeno. Imagem: Nick Wade.
6 Ilusão? Sim, não, talvez
Existem ilusões de ótica que não desaparecem nem quando observamos a imagem através da pupila artificial: uma dessas é esta ilusão criada pelo artista Pinna, cujo efeito de movimento pode ser observado aproximando e afastando a cabeça da tela do computador. Quando fazemos esse movimento, que desloca fisicamente a imagem na nossa retina, ocorre uma intervenção do cérebro que analisa o deslocamento e que faz que o percebamos como nosso, e não como do objeto. Esse sistema de compensações intervém sobre a imagem na sua totalidade e não sobre os elementos isolados que a compõem: a ilusão seria então uma espécie de “resíduo” desses movimentos.
7 Quadratura do círculo
Experimente mover a cabeça para frente e pra trás enquanto observa essa ilusão criada pelo artista Hajime Ouchi: o círculo e o seu fundo parecem deslocar-se de movo independente um do outro.
8 Arte e neurociência
A op-art cria interações de formas e de cores para enganar o olho e o cérebro e dar vida a imagens realmente espetaculares e hipnóticas. Para realizar obras desse tipo é necessário conhecer com precisão a fisiologia do olho e os mecanismos cerebrais que regulam a visão: muitos artistas que se dedicam a esse campo são também neurocientistas, como é o caso do japonês Akiyoshi Kitaoka, autor desta extraordinária ilusão e professor de psicologia da Ritsumeikan University de Quioto.
9 Neurônio versus neurônio
Esta ilusão desenvolvida por Simone Gori, da Universidade de Trieste, Itália, é formada por elementos muito simples (apenas linhas). Nela se “veem” ao mesmo tempo duas rotações em sentido oposto. O efeito surge, provavelmente, do conflito perceptivo que se cria entre dois tipos diversos de neurônios presentes no córtex visual primário: a sensação de movimento é, na prática, a “média ponderada” da visão da imagem proposta pelas duas diversas tipologias de células.
10 Guerra dos cérebros
Segundo John Pettigrew, neurocientista da Universidade de Queensland, em Brisbane, Austrália, as ilusões óticas são o fruto de uma luta entre os dois hemisférios do cérebro. Para verificar essa hipótese, ele submeteu separadamente os hemisférios do cérebro de diversos voluntários a estímulos disparatados: água gelada num ouvido, campos magnéticos, piadas que os faziam rir. Pettigrew descobriu que quando uma parte do cérebro é bloqueada, a outra consegue impor a sua imagem, inclusive quando aquilo que os olhos veem é uma coisa completamente diferente. A conclusão é que... nós enxergamos com o cérebro.

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